A Guerra de Desinformação da Alemanha Contra a red. media
Há meses que decorre uma campanha coordenada contra a red.media — articulada por uma aliança problemática entre meios de comunicação alemães, jornalistas, representantes sindicais e ONGs, algumas das quais fundadas ou diretamente financiadas pelos Estados alemão e israelita.
O objetivo desta campanha é intimidar, criminalizar e, em última instância, silenciar a red.media através de processos judiciais e repressão mediática — com o objectivo de forçar uma condenação criminal com base em alegações falsas e pressão mediática. Não ficaremos de braços cruzados.

Nos últimos meses, a red.media tem sido acusada de:
- Instigar protestos pró-Palestina na Alemanha
- Estar por trás da ocupação da Universidade Humboldt de Berlim por ativistas pró-Palestina
- Dar “plataforma a terroristas” — uma referência às nossas entrevistas com atores políticos relevantes no Médio Oriente
- Ser uma continuação do projeto redfish
- Iniciar uma alegada campanha contra um jornalista — apenas por listarmos o seu percurso profissional
Estas acusações não são apenas fabricadas — fazem parte de uma estratégia mais ampla: meios de comunicação críticos e dissidentes como a red.media estão a ser difamados, criminalizados e, no fim, desmantelados. O nosso trabalho jornalístico é sistematicamente deturpado, e as nossas posições são intencionalmente distorcidas.
O que estamos a viver não é um debate público, mas sim uma repressão orquestrada — legitimada por um mito de ameaça fabricado pelos próprios meios de comunicação. Trata-se de um ataque ao jornalismo independente — e a todas as vozes que desafiam a narrativa oficial.
A miséria do jornalismo alemão
As mesmas pessoas que agora nos atacam permaneceram em silêncio, minimizaram ou até justificaram o assassinato de mais de 200 jornalistas palestinianos pelo Estado de Israel no último ano e meio — e agora expressam indignação por causa de uma publicação factual sobre um “jornalista” do jornal alemão taz — Nicholas Potter.
Potter alinha politicamente com a direita, mas apresenta-se como de esquerda, sendo celebrado por jornais supostamente progressistas enquanto escreve simultaneamente para publicações conservadoras, incluindo o Jerusalem Post — um jornal que frequentemente funciona como porta-voz do governo israelita.
1. A nossa publicação sobre Nicholas Potter não continha qualquer falsidade. Toda a informação foi retirada do seu próprio site ou das plataformas, jornais e instituições para os quais trabalha ou trabalhou. Foi uma simples enumeração factual do seu percurso jornalístico. É absurdo que se espere que peçamos desculpa por isso — e mais ainda que sejamos punidos.
2. Apesar das acusações de espalhar desinformação, ninguém apresentou qualquer prova que sustente essas alegações.
3. A 17 de março de 2025, no taz, Nicholas Potter afirmou: “A campanha é coordenada, lançada pelo portal Red, associado à Rússia — o sucessor do projeto Redfish da RT”, sem apresentar uma única prova. Estas declarações são difamatórias, falsas e criminalizantes.
4. Através da distorção deliberada e da inversão dos papéis de vítima e agressor, tenta-se construir uma suposta conspiração “Kremlin-radical-esquerda-palestiniana” contra jornalistas alemães alegadamente profissionais.









Rejeitamos explicitamente qualquer ameaça, insulto ou difamação contra jornalistas. Como alvos frequentes dessas campanhas — iniciadas por figuras dos média alemães, representantes sindicais e ONGs — sabemos demasiado bem como funcionam.
Artigos e publicações deste género foram escritos por Nicholas Potter, pelo taz, o jornal de propaganda do Estado alemão o Tagesspiegel, pelo grupo Axel Springer, por responsáveis sindicais, entre outros — e são agora os mesmos que se dizem vítimas de “ataques” e “campanhas”.
Apelámos a todos os que divulgaram estas alegações falsas como factos que tornassem público se, de facto, as verificaram antes de as publicar. Contactámos redações, jornalistas — até mesmo a Repórteres Sem Fronteiras Alemanha. Até hoje, ninguém respondeu ou apresentou qualquer prova de ter procedido a uma verificação.
Mantemos a nossa crítica legítima ao trabalho de Potter e de outros profissionais dos meios de comunicação alemães que abusaram do dever de informar com rigor e objetividade, tornando-se em propagandistas dos massacres cometidos por Israel na Palestina. Esta crítica é partilhada por um número crescente de jornalistas e observadores na Alemanha a nível internacional.
Ao contrário do que alegam, esta crítica não faz parte de nenhuma campanha coordenada, mas é uma resposta direta e legítima ao comportamento jornalístico negligente de Potter.
O seu trabalho é sistematicamente tendencioso, politicamente problemático e frequentemente discriminatório — contra palestinianos, muçulmanos, dissidentes políticos e todos os que demonstram solidariedade com o povo palestiniano.
Os seus artigos representam uma solidariedade quase incondicional com Israel e contribuem para a justificação da violência estatal contra os palestinianos, cometida por um Estado cujos principais políticos enfrentam atualmente acusações de genocídio em instituições internacionais.
O facto de Nicholas Potter iniciar um estágio no Jerusalem Post — em plena fase de um genocídio em curso — num jornal que funciona como extensão da máquina de propaganda israelita, revela uma certa degeneração moral na forma como este jornalista se entende a si próprio e à sua profissão.
Nicholas Potter é um produto — e um símbolo — das práticas manipuladoras dos meios de comunicação alemães, que se encontram hoje num acelerado estado de degradação.
A Desinformação como Estratégia de Deslegitimação
A campanha contra a red.media é um exemplo preocupante de como a desinformação moderna é usada pelas elites dominantes e os seus lacaios. No centro desta estratégia está o uso deliberado de alegações infundadas, amplificadas num processo circular por meios de comunicação e atores políticos até que se apresentem como “fatos estabelecidos”. Isto faz lembrar as estratégias dos governos autoritários, tanto de hoje como do passado. O objetivo: deslegitimar e criminalizar publicamente as vozes dissidentes. Especialmente aquelas que se posicionam a favor da Palestina.
Tudo começou com um artigo do Tagesspiegel que especulava que a red.media era sucessora do projeto Redfish, financiado pela Rússia — sem qualquer prova concreta, apenas com base nas ligações profissionais de algumas pessoas. Essa especulação foi depois repetida como se fosse fato numa declaração oficial do então Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, citando unicamente o Tagesspiegel como fonte, mesmo quando o artigo original não apresentava qualquer evidência.
De seguida, o Tagesspiegel noticiou entusiasticamente as palavras de Blinken — como se a sua própria especulação tivesse sido “confirmada” — pelo simples facto de ter sido repetida por um político poderoso envolvido diretamente no genocídio em Gaza.
Mas a verdade permanece: nunca houve qualquer prova.
Assim, uma suposição sem base ganha aparente credibilidade através da repetição política. Este ciclo de retroalimentação — onde a especulação se apoia na sua própria cobertura mediática como “prova” — é um método clássico de escalada discursiva. É desinformação profissional.
Este mecanismo segue um padrão claro:
- Uma suposição sem provas é tornada pública
- Instituições políticas ou jornalísticas amplificam a alegação
- A fonte original da alegação utiliza depois esta resposta para reformular a suposição como um “facto confirmado” — tanto pela alegada vítima como também pela Repórteres Sem Fronteiras Alemanha (ver página 19)
Esta manipulação serve vários propósitos:
- Desacreditar publicamente os meios críticos
- Retirar-lhes legitimidade institucional
- Torná-los vulneráveis a perseguição legal
- Ao mesmo tempo, desvia a atenção do trabalho real e enfraquece as investigações levadas a cabo por jornalistas críticos — sobretudo quando se trata de temas sensíveis como a solidariedade com a Palestina ou o escrutínio do papel nefasto da NATO no mundo atual.
Sob o disfarce do jornalismo e da luta contra a desinformação, cresce a impressão de que parte dos meios de comunicação — e alguns jornalistas em particular — se tornaram agentes na guerra de informação do Estado alemão, de forma semelhante ao que se observa com figuras mediáticas na Rússia, na China ou nos Estados Unidos.
O que torna isto especialmente perigoso é que muitos jornalistas já nem questionam a fonte original da “informação”. A alegação é absorvida, amplificada — e com cada repetição acrítica, solidifica-se na perceção pública como verdade.
Esta estratégia explora a credibilidade do jornalismo para o minar. Diz combater a desinformação — enquanto utiliza precisamente os seus mecanismos. A mesma estratégia usada para justificar os crimes cometidos contra o povo palestiniano em Gaza.
Perguntámos a todos os que repetiram estas falsidades se tinham verificado os factos antes de publicar. Jornalistas, jornais, até Repórteres Sem Fronteiras Alemanha. Nenhum respondeu ou forneceu qualquer prova do seu processo de verificação até hoje.
Bom imperialista, mau imperialista
Uma táctica central desta campanha de difamação nos media alemães é a acusação repetida e infundada de que somos uma continuação do redfish ou uma ferramenta de desinformação russa. Estas alegações não são apenas falsas — são estratégicas.
O objetivo é:
a) Criminalizar vozes legítimas pró-Palestina através da invenção de uma narrativa conspirativa que nos liga à Rússia;
b) justificar repressão, detenções, processos judiciais ou até sanções contra a red.media e os seus membros;
c) atacar vozes dissidentes e propagar a ideia de que o imperialismo ocidental é preferível ao imperialismo russo;
d) criar um clima em que os jornalistas se veem obrigados a autocensurar-se por receio de repressão ou de acusações criminais.
Nenhum dos meios que promove esta narrativa nos questionou sobre a nossa posição face à Rússia, à guerra na Ucrânia ou à NATO. Nem um. E apesar de termos feito convites públicos para tal, essas perguntas nunca chegaram. Esta omissão é deliberada — porque a nossa posição real desmontaria a narrativa e a estratégia de desinformação deles. A Redfish foi financiada pela RUPTLY, uma empresa russa sediada na Alemanha. Esta informação não é fruto de jornalismo de investigação — pelo contrário, foi comunicada de forma transparente no site da própria Redfish e nunca fez parte de qualquer tentativa de ocultação.
Temos sido claros: A Rússia é uma potência imperialista que persegue os seus próprios interesses geopolíticos, tal como os Estados Unidos, a China, a União Europeia e a NATO. Rejeitamos as suas políticas e ações militares. Criticámos publicamente a invasão da Ucrânia, reportámos sobre a repressão a opositores russos e afirmámos que esta guerra é um confronto entre blocos imperialistas.





Mas os media alemães ignoram tudo isto. Preferem continuar a alimentar uma narrativa propagandística inspirada nos manuais de desinformação mais sombrios. Isto não é jornalismo. É comportamento criminoso.
Estes factos são sistematicamente ignorados pelos meios de comunicação alemães. Em vez disso, recorrem a métodos de desacreditação que têm mais em comum com propaganda do que com jornalismo. Através da repetição constante de alegações sem fundamento, constrói-se uma estrutura artificial de “prova” — uma táctica clássica de desinformação.
Sejamos claros: tomamos partido nesta guerra — estamos do lado de quem luta pela paz. Com as vozes que se opõem à violência. Estamos ao lado de todas as pessoas na Ucrânia, na Rússia e em todo o mundo que resistem ao imperialismo. Com os que sofrem, os que choram, os que ousam insurgir-se. Com os que pagam o preço da guerra: os trabalhadores da Ucrânia, da Rússia e de todos os lugares.
Tomaremos medidas legais contra cada jornalista, meio, fundação, sindicato e seus representantes que tenham contribuído para esta campanha de desinformação. Responsabilizamo-vos por toda e qualquer repressão exercida contra a red.media e os seus membros.
Os dois pesos e duas medidas do Estado alemão, da mídia e da sociedade civil
Os mesmos jornalistas que agora inventam conspirações “radicais-esquerdistas-palestinianas-pró-Kremlin” estiveram em silêncio quando Israel assassinou sistematicamente mais de 200 jornalistas em Gaza — uma faixa de terra com menos de metade do tamanho de Berlim.
Também estiveram em silêncio quando Helmi Al-Faqawi e Yousef Al-Khazindar foram queimados vivos em direto — mortos por um ataque direto do exército israelita.
Estes mesmos jornalistas lideraram uma campanha vil contra a Relatora Especial da ONU Francesca Albanese.
Criminalizaram os participantes do Congresso da Palestina em Berlim e fabricaram um cenário de ameaça que culminou na sua violenta repressão pelas autoridades.
Com estes jornalistas a aplaudir das bancadas, nos últimos 18 meses, políticos, artistas e académicos internacionais — alguns deles judeus — foram proibidos de entrar na Alemanha. Professores foram difamados como antissemitas apenas por expressarem solidariedade com o povo palestiniano, protestarem ao lado dos estudantes ou simplesmente por exigirem um cessar-fogo.
Desde o início da guerra na Ucrânia — e cada vez mais desde 7 de outubro de 2023 — um setor do panorama mediático alemão abandonou qualquer pretensão de objetividade jornalística, atuando antes como uma extensão do poder estatal e colaborando na marginalização sistemática de vozes críticas, precisamente num momento em que o Estado se desloca rapidamente para a extrema-direita e abre caminho para que esta assuma o poder.
Notamos também como esse setor dos media alemães está a facilitar esta ascensão da extrema-direita, enquanto, juntamente com até sindicalistas, proclamam ruidosamente a “liberdade de expressão” e a necessidade de “tolerar o pluralismo numa democracia” para defender a AfD — mas entram em pânico assim que alguém questiona a “razão de Estado” da Alemanha de apoiar incondicionalmente Israel, ou a sua cumplicidade direta nos crimes de guerra cometidos por Israel.
Aparentemente, a liberdade de expressão está reservada apenas à direita política.
Quem expressa solidariedade com a Palestina sob ameaça de repressão estatal, social ou mediática — quem marcha contra os nazis — é silenciado, espancado ou até deportado. Esse é o compasso moral de muitos atores mediáticos alemães hoje em dia. O facto de agora estarem indignados com uma publicação factualmente correta sobre um “jornalista” revela quais são, na verdade, as suas prioridades.
Repressão Mediática em Nome da Staatsräson Alemã
Esta mais recente campanha procura, mais uma vez, fabricar um cenário de ameaça. Transformam-se agressores em vítimas. Os meios de comunicação e jornalistas independentes que se recusam a submeter-se à Staatsräson alemã devem ser silenciados. Os ativistas são publicamente desacreditados.
Tudo isto ocorre dentro de um ciclo fechado de auto-validação propagandística: jornalistas ideologicamente alinhados recrutam pessoas com a mesma visão política de think tanks e fundações, fabricam “provas” que depois são usadas para justificar a difamação e a repressão estatal. Tudo isto embrulhado no discurso da luta contra o “antissemitismo” ou da defesa da liberdade de imprensa. Como temos visto um pouco por todo o mundo “ocidental”, a alegada causa de combate ao antissemitismo, tragicamente, raras vezes tem algo a ver com a proteção da vida judaica. Foi tão distorcida e instrumentalizada que se tornou, na prática, sinónimo de criminalização até da crítica mais moderada a Israel e, no caso da Alemanha, à sua própria Staatsräson.
A campanha contra a red.media não é uma luta democrática pela verdade, mas parte de uma guerra feroz contra a contestação que se desenrola na Alemanha — uma contestação de que precisamos agora mais do que nunca.
Sob Repressão Crescente, red.media é Forçada a Encerrar Suas Atividades
Diante da intensificação da repressão e de ameaças diretas à segurança de nossa equipe — incluindo ameaças às suas vidas — red.media, um projeto da empresa AFA Medya A.Ş. com sede em Istambul, não pode mais continuar operando.
A segurança de nossos colaboradores, apoiadores e seguidores já não pode ser garantida. Esta não é uma decisão voluntária. É o resultado de uma ofensiva coordenada liderada pelo governo alemão, apoiada pela União Europeia e executada por meios de comunicação, sindicatos e fundações alemãs. Trata-se de uma campanha repressiva, ilegal — e perigosa.
Como já alertamos: hoje o alvo somos nós. Amanhã será você. O que estamos testemunhando é a normalização global da repressão — onde levantar a voz contra o genocídio está sendo criminalizado.
red.media nunca foi a verdadeira ameaça. Nossa ameaça era o alcance. Somente nos primeiros nove meses de 2024, ultrapassamos 483 milhões de visualizações. O que eles temem é uma voz crescente e desafiadora contra o racismo, o fascismo, o apartheid, o genocídio e o imperialismo.
Temos orgulho do que construímos — e temos orgulho de sermos silenciados por dizer a verdade. Recusamo-nos a desviar o olhar diante de um genocídio transmitido ao vivo. Mantivemo-nos firmes. Mas nunca estivemos sozinhos. Isso só foi possível graças a vocês — aqueles que saem às ruas todos os dias, levantam a voz apesar da violência e repressão do Estado, e pagam o preço mais alto.
Continuamos firmemente comprometidos com a demanda do povo palestino por um único Estado democrático, onde todas as comunidades possam viver juntas em paz.
Nossos canais no X e no Telegram permanecerão ativos, gerenciados voluntariamente — para documentar a contínua criminalização da red.media e de outras vozes críticas.
A todas as pessoas que estiveram ao nosso lado: obrigado. Isso não é uma derrota. Como disse o revolucionário palestino George Habash:
“Enquanto você continuar lutando pela sua dignidade e pela sua terra ocupada, tudo estará bem.”
Já vencemos. Informamos, capacitamos e inspiramos pessoas ao redor do mundo. Agora é a vez de vocês: sigam adiante.
Viva a luta contra o imperialismo, o colonialismo, o apartheid e toda forma de opressão.
Palestina livre.
Press contact: info (at) thered (dot) stream